Série: Da drogadicção

 Da drogadicção


Poemas do livro: À minha última pergunta responda, não.


D'boa?

Tenho andado de mim tão diferente
Parece que a minha sombra fugiu de repente
E meus pensamentos navegam absortos
Num navio carregado de drogas e “abortos”
Sinto saudades de mim
Onde foi que me perdi, enfim?
Tornei-me num labirinto escuro
Não consigo me encontrar, com esses altos muros.

A gente é aquilo que se habitua
Drogar-se, drogar-se e ai a mente flutua...
Deixando várias marcas
No pulso a cicatrizes de cortes de facas

Passando a ser um vegetal
Que agora se alimenta de droga injetável
Se tornando um outro miserável
Agora com o raciocínio de um animal

A morte-mãe agora me alimenta
Minha vida ela frequenta
Como não sinto mais dor
Por ela sinto apenas outro tipo de amor.


À minha última pergunta responda, não

O menino desistiu da escola
Foi para a rua se mendigar
Vive cheirando cola
Há tantos motivos para se drogar

Pertence a um mundo miserável
Submundo: drogas, prostituição...
Onde se é considerado um outro tipo de imprestável
Não há amigos, nenhuma comunhão.

Decidiu que nessa vida ficaria
Se ele nisso vai insistir...
Será que sua cabeça não mudaria?
Vamos deixa-lo se destruir?

Realidade cruel

Na realidade da drogadicção é cada um por si
Onde um morre lá e outro mata aqui
A luta pela sobrevivência é individual
Um corre-fica que pode ser fatal
Sabendo disso, mas fingindo não saber
Convive com o perigo e dele tenta esconder
Nessa vida onde se é um desenho animado
As pernas estão se mexendo, mas você está parado.


Profanos

Ano de dois para frente
A história iniciou
O mundo se tornou diferente
Tudo, agora, mudou.

De uma nova geração
Surgi outra forma de poluição
Uma coisa antiga
Que veio se mostrar “amiga”

Velha maconha, agora renovada
Nos lares é [im]plantada
Muitas famílias desestruturadas
Muitas mães desesperadas.

É mania do homem buscar por  ilusão?
E isso é problema da sociedade?
Dos governos... tantas drogas
Em distribuição?

Uma nação de jovens
Que dizem que tudo vida é dura
Dura demais para suportarem de cara limpas
Assim dão um jeito de se aniquilarem.

Mas de uma forma diretamente
Sem pensar direito, mergulham de repente

E àquela a quem juram lealdade
Lhes rouba a sanidade.

Diário de uma vingança

Eu quis ir em busca de vingança
Um dia iria acabar com sua raça
E com o tempo alimentava essa esperança
Eu seria o predador e ele a caça.

Então despedi da mãe e de casa saí
Tomado de segundos de desespero
Mas a sua benção não pedi
Minha mente vagava num formigueiro.

Para ir comigo, nenhum amigo leal
Com isso não importei
Enfrentarei sozinho o maldito rival
Duas vezes não pensei.

Queria mesmo era me vingar
E como um cão farejador
O acharia em qualquer lugar
E causaria a ele a mesma dor.

A principio, pensei em apenas o matar
Aquela altura eu já estava muito longe casa
Queria mesmo com ele acabar
E abraçar o mundo com apenas uma asa.

Notei que eu, com aquilo, estava sofrendo
O dinheiro acabou
Comida? Só me vendendo
Mas a fome não passou.

Vivendo como um largado
Ao tentar um assalto
Acabei sendo esfaqueado
Estava na queda de salto

Da pirâmide social eu despenquei
Agora sou um animal
E subir de novo não tentei
Essa  escala é unilateral

Chegou o dia tão esperado
O momento que vim buscar
Mas no fundo eu não estava preparado
Buscando força, pensei, ‘você vai me pagar’.

Quem pagou fui eu
Sozinho pelas ruas noite e dia
Lembrei-me de quem estava a espera do filho seu
Filho, vigia!

Lamentei o meu fim
Quem me salvaria?
Se Deus é por mim
Contra? Quem estaria?

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