Série: Das questões do espírito


Das questões do espírito






Poemas do livro: À minha última pergunta responda, não.


Eu sou

O que eu sou?
Aquilo que Deus criou;
Ou o que minha mãe gerou?
Não sei... ninguém ao certo me informou?

Sou aquilo que se poderia ser
Até mesmo antes de nascer?
E isso não entender até quando crescer?
Será que sou aquilo que se pode compreender vivo
Mesmo antes de viver?

Depois de nascer, o que nós seremos?
Aquilo que queremos?
Ou somente o que não pretendemos?
Ah, deixa quieto, depois veremos
Para onde transcenderemos.

Eu posso ser o eu quiser
Ser apenas ser, de onde vier
Ser aquilo que você não quer
Mas na verdade o que eu sou?
Um ser de onde der e vier .

Questão de gosto
 Aquilo que sou
Muitos querem ser
Para outros, objeto que já desusou
Apenas distinções do verbo ‘querer’.

Amnesia
Eu estava em casa pensando em nada
Falavam comigo e eu não escutava
Era cutucado e a mínima atenção não dava
Onde será que eu estava?

Outro dia o mesmo aconteceu
Quase tudo se repetiu
O meu pensamento se perdeu
Quando um alto grau de amnésia atingiu.

Na minha cabeça um tipo de filme passando
Era o meu passado me assombrando
Era como uma brisa sussurrando
Coisas que eu não estava processando.
Amnésia do tempo real para levar-me a outro instante
Tentei fugir dessa coisa instigante,
A paixão não é mesmo lancinante?


Menino sonhador

Poder voar eu queria
Queria nascer sabendo amar
Conversar com os pássaros
Só para descobrir o motivo de tanta exaltação

Queria ir à lua  para ver se tem cara de queijo
Ao sol, com marshmallows para assar
Eu flutuaria no espaço e quem sabe,
Ficaria de vez por lá.
Jamais me cansaria das estrelas

Ali os meus sonhos seriam com a paz
Mas ela não estaria apenas nos meus sonhos
O mundo se encheria dela
E nesse mundo eu colocaria os meus filhos
E não me importaria de que ao morrer os deixaria lá.

Quando, o homem parar de violentar a natureza
Os seres viventes vão se acalmar
Nessa calmaria, o mundo inteiro seria farto e agradecido

Diria: um dia você se importou
Com a Terra que, no seu ventre, o recebeu
Demorou  muito tempo
Para você enxergar o abismo em que me atirou,
Mas, não é tarde, há tempo de me preservar.

Ah, eu queria voltar no tempo
Muito tempo... e ao homem ensinar
Que o futuro que lhe espera
É cinza...

Isso me deixa triste e paro de sonhar
Com um amor fraternal que envolva a Terra
E todos se importam com ela e uns com os outros...
Se isso acontecer um dia,
Voltarei a ser Um Menino sonhador!

Deserto  
Atravessei esse deserto de mortalidade
A cada metro que transcorro
Ele de mim vangloria
Colocando em minha mente
O seu tamanho
Não importa o quanto eu ande
Os meus olhos só veem areia
Não estou desesperando
Nem inquieto
Apesar das alucinações
Estou decidido a atravessar o deserto.
Permaneço andando lento e reto
Há algo que vai me animando
Não estou morrendo
Estou me encontrando
Apesar de parecer que estou me perdendo.

Ilusão de ótica

Vi um céu estrelado
Nuvens e um arco-íris alado
A noite, no tempo
Vi casas carregadas pelo vento.

No lugar do sol, Plutão
Mas isso não fez diferença
Os cientistas fizeram uma fusão?
Em Plutão o calor marcou presença.

Vi um pássaro voar sem do chão sair
A gazela ao leão caçando
Uma estrela, da sacada de um prédio, cair
E elefantes voando

Os planetas agora giram ao redor da Terra
Astros para lá e cá e nada acontece
Bomba atômica é bela tela
E a guerra desaparece.

A criança já nasce sabendo
A vida tem um sentido mais lógico
Desde o nascimento
Mas essa lógica tem cabimento?

O Avesso
Na era Monalisa
Muitas mentes se revelaram
Mas somente uma ainda realiza
A essência que esperavam

A arte de retratar
Ou de esculpir
Brotando de lugar
Para então surgir

Com a inspiração
 Vira arte abstrata
Dependendo da visão
O enigma se relata

Modificando pensamentos
De estudiosos antigos
Mudando os momentos
De tempos perdidos

Tentando insanamente correr
Atrás de uma era de ilusão
Onde muitos erraram sem querer
Na ânsia pela perfeição.

Inconsciente

Senti um vazio dentro de mim
Quando me toquei de que eu estava
Há muito tempo olhando para uma mesa de marfim
Não sabia o porquê, mas eu a admirava.

A maquiagem que a sua pele mascara
Ou o navio que no mar naufraga
Senti-me oco por dentro e por fora
Ao ver que a utilidade do relógio de pulso é ver a hora.


Belas Artes

Leonardo da Vinci garatujou
E nunca disso se cansou
Já que morreu
O mundo o reconheceu.

Arquimedes quebrou a cabeça, estudou
A história ele mudou
Descobriu o que muitos não acreditaram
Depois que morreu suas somas se multiplicaram.

Os filhos de Gandhi
Dele se esqueceram
E a paz que ele pregava
Por ela muitos morreram
E hoje a mesma paz é por “todos” negada.

O triste Sócrates dizia:
‘eu sei que nada sei’
Morreu, então, com a mente vazia?
No futuro que a mim tracei
Essa filosofia apareceria?

Platão com a sua razão
Picasso com seus belos traços
Miguelângelo a sempre esculpir
Beethoven com os sons dos seus dedos a emitir.

Somente nomes a ser lembrados
Um paraíso artístico nos deixou
Depois deles ninguém se revelou?
O mundo das artes pobre então ficou?
Nesse ponto, podemos descobrir outros achados?

Ou apenas sonhar plantados

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